VIVENCIAL

Viver o cotidiano não exime da tarefa de pensá-lo, como não o faz a prática de experienciar a cultura em suas formas mais acabadas, inclusive naquilo em que nelas se imiscui a chamada vida comum. A proposta deste blog é constituir um espaço de intersecção entre esses campos vivenciais para pessoas que, como nós, têm na reflexão crítica um imperativo para a existência digna do corpo e do espírito – individual e social.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Adeus ao Filho Vermelho


Somente hoje eu soube dessa perda irreparável, ocorrida no dia 28 de setembro do ano passado: a morte, tristemente precoce (aos 49 anos), de Edson - ou melhor, Redson - Lopes Pozzi, guitarrista e vocalista do Cólera. Mais do que uma banda "histórica", com mais de três décadas de estrada, o Cólera deixou canções memoráveis, repletas de uma energia visceral - testemunhei isso em um show inesquecível, em Campinas -, e cujas letras aliavam rebeldia e pacifismo de forma consequente. Seu primeiro disco, Tente mudar o amanhã, é em minha opinião o melhor do punk rock brasileiro.

Não bastasse isso, Redson foi um dos maiores realizadores do underground brazuca: produziu, por exemplo, o disco dos Kães Vadius que eu postei há alguns dias, e uma das coletâneas punk mais ricas de todos os tempos, a Ataque sonoro.

É claro que quem não se interessa por cultura underground (ou sub-subcultura, mas sub com muito orgulho) dificilmente pode compreender ou reconhecer a importância desses nomes, Redson e Cólera, na cultura jovem deste país, aliás via de regra ingrato com seus melhores filhos. Mas não sou eu que vou me meter a dar uma aula sobre isso. Passo a palavra para um fã que teve um privilégio que eu, analfabeto musical, nunca tive: o de tocar músicas do Cólera. Mas antes deixo falar - e soar - o próprio Filho Vermelho, em primeiro lugar nesse grito condoreiro em nome da dignidade e da coragem que ele soube encarnar:





        "Não me importa, eu vou em frente!"

Um comentário:

  1. O tempo passa. Já foram cinco anos desde que o Redson faleceu. Mas tenho a plena certeza de o seu grito não foi em vão.

    Sou grande admirador de sua obra. O Redson e o Cólera mudaram meu jeito de ver a vida. Fizeram eu parar pra pensar, me informar sobre diversos assuntos, ler, sentir a fúria necessária para continuar de pé diante das injustiças. O som é visceral, as letras são de uma profundidade incrível.

    Sei que o legado da banda vai permanecer por muito tempo ainda.
    Viva Redson!

    Cóleraaaaaaaaa...

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